Como consolar corações feridos? Como proteger a quem amamos? Como explicar a maldade que fere e dilacera a bondade daqueles que possuem um coração puro? Como dar explicações à irracionalidade dos humanos frios e rústicos? A mim, novamente, restam-me as palavras. Meu desejo é que talvez estas possam consolar.
Quero trazer à lembrança algumas palavras de outro texto que escrevi. Falando sobre uma “pessoa maravilhosamente encantadora e singela” a qual dei o pseudônimo de Beleza. Confesso que este texto foi publicado sem conclusão. E apenas algum tempo depois entendi o porquê não tinha terminado. Enquanto Beleza estiver por aqui este texto não irá terminar, e mesmo quando se for ele continuará, pois a beleza que plantou em meu coração jamais se acabará, é eterna. Sendo assim, minhas palavras sobre Beleza jamais se findarão, sempre haverá razões para dizer o quão bela é a Beleza.
Um dia ouvi tal frase: “... pensava que nós seguíamos caminhos feitos, mas parece que não os há, o nosso ir faz o caminho!”. Isso me marcou profundamente, pensar que são os nossos pés, o nosso caminhar que define aonde queremos chegar e quem queremos ser. Andar. Caminhar. Não parar. Beleza está caminhando, e como é lindo seu caminhar. Mas Beleza chora. Mal sabe ela que a tristeza faz parte da beleza. São os contrastes das cores que dão vida ao quadro.
Beleza se depara com o seu novo caminho. Desconhecido. De terra e chão batido. De dias claros e noites escuras. De matas fechadas e de flores perfumadas. De pedras e espinhos. De fortes subidas e de temporais fora de época. De montanhas, de vales, de litorais, de céus, de estrelas, de chuva cristalina, de lua iluminada. Caminhos tão diferentes e tão intensos que Beleza não nega, o medo chega e a saudade aperta.
Digo a você, Beleza, que já percorri esse caminho, sofri, mas não morri, estou aqui. Meu caminhar determinou quem hoje sou. Sou quem quero ser, e este é nosso maior objetivo encontrar em nós o que somos de melhor. Plantei no caminho algumas flores. Encontre-as. Cheire. Feche os olhos. Sonhe. Continue a caminhar. Assim como as flores, certamente alguém plantou espinhos. Pule. Desvie. Abra os olhos e se afaste. Se te faltar forças e talvez se ferir, não desista, levante. Limpe as feridas. Continue a caminhada. As cicatrizes irão provar que você é digna de seu caminho, que não trilhou estrada alheia. A estrada é sua. O caminho você quem percorreu.
Beleza, talvez exista na filosofia ou na psicologia alguma explicação racional para a maldade. Essa explicação aplica-se somente ao campo das ideias. Jamais nossos corações irão encontrar razões para explicar o porquê de tamanha dor e sofrimento. Hoje entendi que a essência da maldade é a ausência do amor, fartura de frustação. Mas também compreendi que carregamos em nossas costas as pedras e as dores que queremos levar. Deixa-las pelo caminho é escolha individual. Carrega-las pela vida é negar a felicidade, pois esta é feita de leveza, de singeleza, de beleza.
Algumas pessoas carregam tantas pedras que ao longo do caminho jogam em nossas costas pequenas pedras, que aos poucos vão tornando deficiente nossa coluna, fazendo com que incline nossa cabeça para chão, impedindo nossa visão de contemplar nosso sonho. Erguer a coluna e deixar que as pedras caiam, tornando nossa costa livre e nossa visão ampla nos revigora a alma, nos dá força, e nos mostra que somos capazes de tudo, até mesmo de entender e compreender a visão torpe daqueles que carregam seu males pela estrada.
Sem conclusão apenas escrevo: semelhança é o caminho. Nosso ir faz o caminho. Vamos. Andando. Cantando. Sonhando. Amando... Pois em nossos corações encontramos a essência do amor: a ausência da maldade...

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