As expectativas alheias a mim são tantas que ocupo o meu tempo em procurar as minhas expectativas. Perco-me nas projeções daqueles que me rodeiam. Perco-me dentro de mim, da minha mente, do meu mundo. Decidir o que sou e o que quero é uma tarefa árdua, dolorida. Talvez não por não saber quem sou ou o que quero, mas por ter medo da rejeição, da exclusão, do abandono, em alguns momentos abandono a mim e quando me perco o desejo de encontrar-me é enlouquecedor, angustiante, arrebatador.


Acredito ser este o momento no qual me encontro: uma busca intensiva da certeza de que sou e do que quero para enfrentar o medo do abandobo. E se de alguma forma o abandono acontecer, ter forças para não abandonar a mim, não deixar que o abandono alheio me afete, esvaziando a minha essência, necessária para acolher meus medos.


Medo. Tão sempre quase maior que eu. Me acompanha, me afeta, me alerta. Atento-me para aquilo que deixo de ter ou de ser pelo medo, de ter, de ser, de encontrar ... Medo de encontrar a felicidade, a satisfação, o prazer e deixar o medo levar para longe de mim. O autoflagelo à frente do monstruoso vilão, o medo, incapacita-me de agir, de decidir, de enfrentar, de viver, de lutar.


Há dentro de mim, porém, uma misteriosa força pela luta da vida, da alegria. Há dentro de mim uma inconformidade do cômodo, do estático, do neutro, da rigidez. Luto dentro de mim com a minha própria desilusão e acomodação, que dá espaço e força para o medo crescer cada vez mais forte.


Há dentro de mim um caminho que deve ser percorrido para desvendar o mistério da minha felicidade. Ela é o combustível para andar na estrada árdua e estreita do medo, que desafia-me a cada passo, enganando-me em suas bifurcações e placas mentirosas indicando pare para a claridade da felicidade.


Jun\2011

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