Aos poucos ...


Aos poucos a gente percebe que o tempo não cura, simplesmente nos acompanha. Observa nossa dor, e mostra o quão finitos nós somos. Temos a ilusão da crença de que o futuro sempre virá. Engano. Talvez o futuro não chegue. O instante é digno de seu substantivo. Ele passa. E quem não viu, jamais voltará a ver.

Aos poucos a gente percebe que  dor não aumenta. Ela é elevada a décima potência. A certeza da ausência é assustadora, e toma conta da mente mais equilibrada. Argumentos e reflexões são importantes para manter a sensatez, mas não são capazes de justificar a falta.

Aos poucos a gente percebe o quão necessário é a música, a pintura, a poesia, a arte. Não seríamos capazes de enfrentar as surpresas que a vida nos proporciona se não houvesse a linguagem além da falada para nos comunicar e transmitir nossas emoções e sentimentos. Como disse o gênio: “ a vida sem a música seria um erro”. Assim seríamos nós, um erro, sem este canal de expressão.

Aos poucos a gente percebe que a fé transcende religiões e milagrosamente move montanhas. Montanhas de dor, de angústia, de tristeza, de despero. Montanhas de preconceito, de preceitos, de achismos e conclusões. A fé move para perto de nós montanhas de alegria, de esperança, de felicidade, de paz, de risos, de harmonia, de companhia.

Aos poucos a gente percebe que não percebemos tanto assim, que somos desleixados, desapercebidos, desatentos, distantes. Que não nos esforçamos para enxergar para tudo aquilo que está invisível aos olhos. Aos poucos percebo algumas coisas, espero apenas que não seja tarde demais.

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