RECOMEÇO

Ah sim, o ato de escrever nos dá a materialização de nossos pensamentos e sentimentos. Nos torna cientes de nossas loucuras mais racionais e de nossas razões sem fundamentos. Teorias e caminhoS decodificados por letras que nos levam à indagação e ao conhecimento. Maravilhoso o mundo da escrita. A escrita do nosso mundo.
Há tanto tempo sem escrever sinto-me intimidada por meus verbetes que despertados por vários acontecimentos do destino traz-me de volta a esse mundo que a muito me salvou de minha mente inquieta, petulante e questionadora. Como é bom escrever. Deixar os dedos dedilharem as teclas do teclado acompanhando a rápida composição de meus músicos: os neurônios! Às vezes sinfonia, às vezes concerto. Solos e improvisos também são bem vindos.
Fato é que o ato de escrever nos ocorre quando a nossa mente se inquieta, se movimenta, se desperta. Em tal momento pergunto-me: o que me causou tanto tempo de silêncio? Qual abundância ou ausência tirou-me do mundo das letras? Ora, o poeta só escreve quando lhe tem inspiração. A rotina nos causa dormência em nossa mente, tão grande é capaz de nos cegar os olhos e arrebatar nosso corpo ao doentio capitalismo dos sentimentos mortos.
Respostas! Muitas respostas! Prontas e inventadas! Foi o que me causou o silêncio. Parei de perguntar, indagar, questionar e comecei a dar respostas, justificativas, meras frases dignas de um caderno velho para registrar queixas de um ser que havia perdido o encanto, a beleza, a visão.
Certa vez aprendi que motivação é uma pessoa! Sim, uma pessoa linda, a terceira pessoa do singular: ELA! Ela é linda, envolvente, sonhadora, conquistadora, complexa em seus sentimentos, focada em sua inspiração, dona de uma habilidade incrível de cativar as pessoas com seu sorriso e atenção. Ela não é a Garota de Ipanema, mas eu também não sou o Tom Jobim, mas posso afirmar que muitas músicas surgiram e outras certamente virão inspiradas nesse corpo tão sedutor. Ela. Simplesmente.
Mas ela me ensinou que minha volta não somente ao mundo da escrita mas também ao mundo da magia, da poesia, da estética, da beleza, da reinvenção surgiria não pela terceira pessoa do singular, Ela, e sim, pela primeira pessoa do singular: EU! Com certeza, Ela é minha inspiração, tão pura que ensinou que minha motivação maior é uma pessoa. Linda. A mais importante. Eu.
Eu sou minha motivação maior. Em todo esse tempo de silêncio perdi minha motivação, me perdi de mim, e então as palavras se foram de meus dedos , de minha música, do meu coração, de minha mente. Abundância de outros. Ausência de mim. O que me faltava era a mim. Eu sou a pergunta mais intrigante, o assunto mais importante, a inquietação mais perturbadora, o refúgio mais digno de minhas palavras, simplesmente, EU.
Não quero mais respostas e soluções, concluo que minha vida é uma eterna interrogação e que é justamente essa a razão de tantas deliberações, de tantas descobertas, de tantas ousadias, de tantas aventuras, de tantas emoções. Minha mente inquieta, ansiosa e sem sono me diz a todo o momento que minha vida não é encontrar respostas e sim percorre o caminho das perguntas, da dúvida, da questão. A questão é: quem sou eu?

Comentários

Postagens mais visitadas