Sim, crescer dói. E como dói. Dói tanto que às vezes preferimos o conformismo da imaturidade, no entanto, conquistas requerem renúncias. E renunciar, óbvio nunca é fácil.
Sempre observei que as relações humanas, ao longo dos tempos, têm perdido o contato e o calor, a afetividade. Não são poucos os filósofos e teóricos que anunciam isso, estamos vivendo uma época de individualismo coletivo, paradoxo não ?! Pois é, todos nós estamos a cada dia nos isolando cada vez mais.
Curioso é pensar que nós, seres humanos, buscamos cada vez mais nos incluir, nos socializar, fazer parte de algum grupo com o qual nos identificamos. Contanto, essa inclusão na verdade têm se tornado exclusão. Se pensarmos que as relações são feitas de contato, de diálogo, de tempo e afetividade, estamos longe do ideal. Não temos tempo, não conversamos, não nos tocamos e não nos afetamos. Nossas relações são virtuais. Mortais.
Nasci na época da tecnologia, do desenvolvimento, da globalização, da internet. Mas cresci na época do que chamo de capitalismo dos sentimentos mortos. Efêmero. Tudo é fast. Tudo é vazio. Sozinho. Construí um mundo paralelo ao mundo real onde tenho inúmeras relações, amigos, simpatizantes, fãs. Construí um muro ao redor de mim onde afastei as pessoas verdadeiras. Excluí-me. Julguei melhor ver o mundo através de uma tela, e não, com meus próprios olhos.
Hoje, é preciso encarar a realidade. O meu mundo paralelo não me basta. Quero abraço, quero afago, quero sorriso, quero calor, quero pele. E isso não tenho através da tela. Sou querida, sou amada, sou acolhida. Não pelos navegantes, e sim, pelos andantes, e por nunca ter sentido não sei como agir ou reagir, ao toque, ao abraço, ao afago, ao acolhimento que tanto desejei.
È hora de crescer. E como disse crescer dói. Mas... Conquistas requerem renúncias. Hoje renuncio ao meu mundo paralelo, meu mundo virtual. Deixo para trás as relações vazia e frias para construir relações verdadeiras, de calor, de pele, de alma. Deixo pra trás o comum, a moda, o global. Quero andar na contramão, e isso significa ter responsabilidade para estreitar laços, construir afetos, contatos diretos.
Yves de La Taille diz que temos medo da dor, por isso, investimos menos nas relações, para que as decepções sejam amenizadas. Sinceramente, quero investir tudo que tenho, tudo que sou, à minha família, aos meus amigos, ao meu trabalho, ao meu lazer. Que haverá decepções, sim, é óbvio, enquanto estivermos nessa terra somo fadados ao erro. Mas o erro não me assusta. O que me assusta é não fazer a diferença, é não sentir, é não amar, é não viver. Quero, sim, tudo! Tudo o que eu possa ser e me transformar. O que me assusta é constatar ao final que a minha vida não passou de um simples ensaio, enquanto deveria fazer de cada dia o meu único e maior espetáculo.

Comentários

Postagens mais visitadas