A felicidade dos outros


                Não é novidade quando dizemos que é preciso estar só. Principalmente quando passamos por momentos turbulentos e precisamos de uma pausa para reflexão. Mas existe um processo, estreito e complexo, do qual poucos conseguem e querem passar que é estar bem, feliz consigo mesmo. As palavras parecem simples e demais clichês, mas a prática é um tanto quanto dolorosa e árdua.

                Reflito sobre o quanto nós depositamos nos outros, muitas vezes coisas que dependem exclusivamente de nós mesmos. As expectativas e sonhos que esperamos que o outro realize em nós. A felicidade que sonhamos, e sempre desejamos que o outro nos faça feliz. Talvez egoísta dizer, mas a felicidade depende exclusivamente de nós. O outro não é capaz de nos fazer feliz. Como assim? Assim mesmo. O outro não é capaz de nos fazer feliz se continuarmos a depender somente da felicidade que o outro proporciona. É preciso refletir sobre qual é a felicidade que proporcionamos a nós mesmos.

                Complexo o assunto, mas tente refletir um pouco. A cada dia que passa vemos a sociedade cada vez menos preocupada consigo mesma. Não aquela preocupação em ter, mas a preocupação em ser. Ser melhor, mais amável, mais bondoso, mais gentil, mais solidário, mais alegre, mais prestativo, mais sorridente, mais bem humorado, mais do bem. Cada vez mais encontramos uma sociedade tão preocupada em ter e fazer que está deixando de ser. Conseqüência disso são as constantes atrocidades que tem acontecido com jovens nas drogas, pais e filhos em homicídios, violência e corrupção.

                Com tanta correria, não conseguimos nos fazer feliz, então nada mais justo que o outro nos faça feliz, até porque estou muito ocupado pra olhar pra mim! Irônico. Óbvio. Mas estamos precisando de um choque de realidade. O outro nos faz feliz sim, na medida proporcional que nós fazemos felizes, a nós mesmos.

                Convido a você a destruir este castelinho de areia que teimamos em construir, onde a irresponsabilidade e a inconseqüência têm tomado conta de nós, e vamos partir para a realidade, nua e crua, de conscientização de que se não pararmos para refletir sobre os nossos sentimentos jamais avançaremos em nossas relações, e vamos continuar em parcerias falidas e desestruturadas.

                A todos uma boa reflexão.

Comentários

  1. Muito bem. Tema palpitante, Aninha. O Outro nos constitui. Investimos muitas expectativas nas outras pessoas porque é o olhar do outro que ratifica o meu valor. Mas quanto quanto mais eu depender do veredicto alheio, mas patente fica que o olhar primordial me faltou... que uma falha egoica me torna frágil e de baixa auto estima. Então, antes de me entregar a relacionamentos nos quais eu apenas colarei na imagem do Outro para existir, eu devo buscar me constituir, atender às minhas demandas internas, elaborando minhas faltas e permitindo-me ir reparando essas brechas por meio de um amálgama terapêutico que pode estar no acolhimento de uma pessoa referência em minha rede de amigos ou parentes, ou de um psicoterapeuta, ou de um conselheiro espiritual, ou de uma terapia corporal...

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    1. Olá querida! Sempre com contribuições radiantes! Verdade, é primordial que tenhamos uma referência, seja qual for, que nos aponte, e nos aprimore. bjos

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