Limites são saudáveis!

Porque motivação é uma pessoa. Sendo assim, motivo-me a escrever sobre algo pertinente a todos nós: sentimentos. Alguns bons, outros ruins, alguns sentem mais, outros sentem menos, mas de alguma forma sentimos. E porque somos humanos é que sentimos, ou ao menos, haveria de ser assim.
E o sentimento em discussão é o ciúmes.
Há quem diga que ter ciúmes é bom, há quem diga  que é ruim. Há quem diga que quem não tem ciúmes não ama, há quem diga que ciúmes é insegurança. Alguns acham que apimentam a relação, outros consideram um impecilho. Enfim, cada um em sua particularidade, tem uma concepção diferente de ciúmes.
Então, o que definir como certo ou errado? Ou melhor, como definir o que é saudável, ou desagradável? Como definir se é exagero ou insegurança?
Uma visão certa a se pensar, mas talvez nem todos tenham coragem de admitir, é que ciúmes é uma mostra muito evidente do sentimento de posse. Ora, conquistar o outro não foi tão simples assim. Aliás, "conquistar"? A palavra "conquistar" faz-me lembrar os tempos da Idade Média, onde os homens guerreavam para "conquistar" terras, cidades, países, e então, "possuir" mais bens e territórios. É, isso assemelha-se em muito ao ciúmes. Pois assim é que nós agimos. Elaboramos uma estratégia bem eficaz, guerreamos com os possíveis oponentes, e se tivermos sucesso, "conquistamos" nosso bem tão esperado. Ah, qualquer semelhança é mera coincidência.
O fato é que, ao decorrer da relação nos sentimos realmente possuidores do outro, donos, proprietários. E isso acontece simplesmente quando avançamos o limite do outro. Numa relação a dois é fundamental a individualidade de cada um. Assim como os territórios da Idade Média, é preciso que cada um tenha o seu limite, sua delimitação, sua extensão. Evidente, que haverá também limites em comum, lugares e espaços onde o outro pode habitar, e é nesse lugar que chamamos de Amor. Quando o Amor, que respeita os limites, passa a invadir o território do outro deixa de ser Amor, torna-se possessão. E claro, não somos donos de ninguém.
É essencial deixar claro aos outros, não somente companheiros, mas amigos e familiares, os nossos limites. É saudável. É frutífero. Invadir o território alheio é agressão. Deixar-se invadir é omissão.
E o que fazemos com a insegurança? O medo de perder? O medo de ficar sem? O medo da troca? Como humanos não podemos negar o que sentimos, e sentimos muito!!! O Amor deve existir na relação enquanto verbo e não substantivo. Perceba que quando mudamos para o verbo Amar, as coisas se complicam um pouco, até porque nos omitimos de nossa responsabilidade. Amar é todo dia, é constante, é ação, é formação. E enquanto amamos alguém nossas ações são permeadas  para proporcionar mais contentamento do que aborrecimentos. Sendo assim, podemos considerar sim, nossa insegurança, mas a ação de quem nos ama nos dará a certeza de que tudo não passa apenas de uma emoção, que já se foi. Mas, o contrário, pode ser perigoso. Quando o outro não demonstra atitudes que nos fortaleçam de seu afeto é semelhante à um terreno abandonado: tem dono, mas não se sabe quem!
Enfim, o grande segredo das relações humanas é o respeito. Já dizia meu pai: "na muita familiaridade, perde-se o respeito". Cada um ter o seu espaço é saudável. Invadir os limites do outro é agressão. Respeitar, entender, compreender e dialogar é sábio. A vida tem suas artimanhas. Ninguém tem a receita da felicidade. Assumir nossas dificuldades, ouvir o coração do outro, olhar para suas necessidades, torna cada um de nós um pouco mais humano.

Abraços

Comentários

  1. Gostei mto do texto. Parabéns, logo mais postarei um comentário mais detalhado.

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  2. Bom, , quanto ao ardente tema ciúme, eu gostaria de dizer que a minha visão é basicamente psicanalítica, portanto, quem não se identificar com a psicanálise, já nem precisará continuar lendo. Hehe. A nossa estrutura psiquica, ciumenta ou super segura, narcísica ou de baixa auto estima é um produto, um resultado de toda uma trajetória de vida, com as devidas ou indevidas contribuições socio culturais. E é sempre um resultado único, embora identificado com o meio. Isso torna o assunto mais complexo porque contraindica generalizações. Dependendo da estrutura egóica do indivíduo, amor pode ser sinônimo de posse. Para outro indivíduo pode ser troca. Para outro, ainda, doação. E para poucos, poucos mesmo: ascetismo.
    Uma fixação ou regressão para a fase anal pode gerar umcomportamento de retenção, posse, repetiçãoo, medos,

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  3. Acho que, mais do que "discutir a relação", devemos refletir sobre nós mesmos e se estamos capacitados emocionalmente para educar e amar as próximas gerações, a fim de que esas desfrutem de um acolhimento suficientemente bom e tenham do mundo uma imagem de lugar bom, de lugar no qual se sintam livres, fortes, capazes e iinteiros, a fim de não precisarem submergir na identidade de outra pessoa, a fim de não se tornarem adictos ao ciúme... Cada um que é, realmente um, bem constituído, reconhece os limites do outro, aprecia e respeita o outro, investe igualmente no outro e em si mesmo, aceita diferenças ou as negocia sem se sentir ameaçado por qualquer coisa.

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  4. O ciúme que se ressente da ausência da pessoa amada... o ciúme que deseja exclusividade... esse é saudável. Mas o ciúme castrador, manipulador, histrônico, paranóide,... que delira e alucina... que se faz de vítima, mas só se apaixona por canalhas para ter mais garantido o seu distino de corno porque suas profecias são auto cumpridoras... esse ciúme é patológico. Seu lugar deveria ser só o dos dramas e tragédias literários e burlescos.

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